sexta-feira, 27 de março de 2009

E a torcida pede: "Pé de chuteira!"


Aquela tarde de sábado poderia ter sido só mais uma do mês de Abril. Mas não foi. Era o último dia dos jogos internos do colégio em que eu estudava, e minha turma estava na final do futsal masculino. Saí de casa com três horas de antecedência e não parava de pensar naquele jogo que estava por vir. À cada passo em direção ao colégio me perguntava como nós, a zebra da competição, tinha chegado à final. Nosso adversário, a equipe do 2° ano B, era o time favorito pelo fato de ter sido campeão nos dois anos anteriores. Assim que cheguei no colégio falei com minha turma, o 1° ano A, e fui para o vestiário com o resto do pessoal do time. Coloquei meu uniforme, amarrei firme meu cadarço e fiz uma oração. Entrei na quadra com a seguinte idéia: se perdêssemos, seria o esperado, mas se ganhássemos, nossos nomes seriam lembrados e comentados pelos corredores do colégio no decorrer daquele ano. Os minutos se passavam enquanto eu, roendo as unhas, aguardava o momento de a bola começar a rolar. Tinha chegado a hora. O juiz apitou o início da partida. Eram dois tempos de vinte minutos, mas logo no primeiro minuto do primeiro tempo sofremos um gol. E no minuto seguinte, outro. Conseguimos, pelo menos, não sofrer mais gols e ir para o intervalo com essa diferença de dois a zero. Fui para o vestiário, limpei o suor do rosto e respirei fundo. Tínhamos, no intervalo, a oportunidade de resolvermos o que tinha de errado e arranjarmos uma tática para reverter aquele resultado no segundo tempo. O juiz apitou o recomeço da partida. Faltavam agora vinte minutos para tentarmos ir do inferno ao paraíso. Logo aos seis, deixei meu companheiro de time na frente do gol, e ele não desperdiçou a oportunidade de diminuir a diferença no placar. Naquele momento, nosso time estava perdendo de dois a um e a angústia tomava conta de mim. O tempo se passava e a vitória do 2°B parecia cada vez mais próxima. Até que, faltando um minuto para o término da partida, recebi um lançamento na entrada da área, driblei o goleiro e empurrei a bola para o fundo das redes. Restava agora somente um minuto para segurarmos aquele tão suado placar e levarmos a partida para os pênaltis. E assim aconteceu. O jogo terminou empatado em dois a dois. O juiz estabeleceu três minutos de descanso para que pudéssemos, depois disso, iniciar a disputa. Tomei um copo d’água e logo depois me reuni com o resto do grupo para que ficasse estabelecida a ordem dos batedores. E foi decidido que eu seria o último batedor. Os dois times foram chamados para tirar cara ou coroa, e decidir qual equipe iniciaria as penalidades. E por uma obra do destino, o time adversário era o que começaria cobrando. O juiz apitou o início da disputa. Os quatro batedores da minha equipe acertaram suas respectivas cobranças, assim como os quatro cobradores do 2°B. Faltava agora um pênalti para cada lado e um deles teria que ser cobrado por mim. O batedor adversário chutou a bola na trave. Comemorei eufórico, abraçando meus companheiros. Agora estava em minhas mãos, que dizer, em meus pés, a responsabilidade de dar o título do campeonato de futsal à minha turma. O juiz apitou. O silêncio tomou conta da quadra. Eu olhei para o resto do meu time, para a bola e para o gol. E no instante seguinte, aquele silêncio tinha sido quebrado por dezenas de vozes e gritos que se resumiam em uma só frase: “É CAMPEÃO!”.

sexta-feira, 13 de março de 2009

A Magia do Teatro


Algo me dizia que aquela noite não seria uma simples noite. Até porque, aquela noite já tinha começado um pouco antes, lá na UFS, quando ele chegou pra fazer uma palestra. É, "ele", aquele cara com a barba não feita já há 4 anos, um tal de Anitelli. Após mais ou menos uma hora e meia de discurso, perguntas e respostas, ele deu uma palhinha para os espectadores, e aguçou mais ainda aqueles que, como eu, já imaginavam o baita show que estava por vir. Às 23:00, mais ou menos, Naurêa começou seu show. E pra variar, mais um show estonteante dessa banda sergipana que, sem dúvida, merece respeito. E por volta de meia noite e meia, debaixo daquela madrugada e arrodeado pelos coqueiros do Camping Club, um cara pintado de palhaço e com uma capa vermelha surge no meio do palco, recitando uma de suas inúmeras poesias. E junto com ele outros 7 integrantes, também pintados de palhaços, e com funções variadas. Tinha uma até que subia no tecido, um outro que se equilibrava num trapézio. E em cerca de duas horas de show, esses palhaços encantaram e emocionaram centenas de pessoas que cantavam e não cansavam de cantar versos como "só enquanto eu respirar vou me lembrar de você", ou "eu sinto que sei que sou um tanto bem maior". E como se não bastasse, no fim do show alguns "fãs" tiveram o privilégio de tirar fotos, pegar autógrafos e bater um papo com o pessoal da trupe. Inclusive eu. E o mais interessante no show desses palhaços é você olhar para o lado e ver pessoas na platéia também pintadas de palhaço e com a camisa da banda. Aí alguns mais desinformados perguntam: "Ué, mas eles também fazem parte da trupe?". Sim, eles fazem. E fazem pelo simples fato de O Teatro Mágico não ser só aqueles músicos, o pessoal da produção, da iluminação, da mixagem, etc. O Teatro Mágico sou eu, você, ou a vizinha. O Teatro Mágico é todo aquele que faz de si próprio uma raridade. É como já dizia um grande poeta: "Só existe um de nós, ou seja, já estamos automaticamente em extinção!". Então façamos por onde ué, façamos nossa história, deixemos nossa marca! A noite do dia 12 de março de 2009 não foi uma noite qualquer, foi uma noite rara, uma noite para ficar na história e na mente de cada um que presenciou aquele espetáculo. Sim, por que venhamos e convenhamos, aquilo não é só um show. E ainda tem quem diga que T.M é um saco, é enjuado, uma porcaria. Fazer o que né, gosto é gosto e cada um tem o seu. No mais, me desculpem "os seus gostos", mas o meu gosto... é Mágico.